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Nelson Dellagiustina

Hábitos Higiênicos

Nos primeiros tempos não se dava muita importância aos hábitos higiênicos como na atualidade. Porém, alguns princípios básicos eram observados, principalmente em finais de semana, mais especificamente aos sábados. Vamos ver alguns procedimentos:

As roupas para o trabalho na roça e os afazeres domésticos eram mais rústicas enquanto para festas e domingos eram mais sofisticadas, porém simples, não extravagantes e dentro dos princípios puritanos da época. Para o trabalho os homens usavam geralmente calças de riscado e camisas de tecidos grosseiros. De tão sujas era preciso, às vezes, fervê-las em caldeiras (boír le róbe scúlsse). Como calçado os famosos tamancos de madeira e couro cru. Nos dias de festa os homens usavam roupas melhores, como ternos de casimira, de algodão, de linho e sapatos feitos de couro duro ou macio, dependendo do poder aquisitivo, por sapateiros, sob medida. Faziam a barba aos sábados em casa, usando um aparelho extremamente cortante, a navalha, que davam o nome de "radôr". A espuma era feita com sabão caseiro dentro de uma xícara ou caneco e mexiam com um pincel (spassêt) feito de palha de milho (sfoiássi). Passavam no rosto esta espuma, penduravam um espelho na parede fora da casa com um prego (tchóldo) e realizavam a operação. De vez em quando limavam a navalha num pequeno sarrafo forrado com material especial para limar ou uma pedra longa fazendo movimentos pra lá e pra cá, num vaivém. Lavavam a cabeça com sabão e se penteavam com pente rústico feito de madeira. Cortavam o cabelo bem curto com máquinas manuais. No Bairro Gávea, onde eu nasci e morei por muitos anos, um famoso e exímio barbeiro do lugar era o senhor Germano Fiamoncini, que atendia geralmente aos sábados e à noite, pois de dia trabalhava na roça. Com o passar do tempo começaram a usar brilhantina nos cabelos para torná-los mais sedosos e brilhantes. Uma marca famosa era a "Glostora". Usavam também perfumes de água de cheiro de diversos aromas. Tecidos também foram surgindo como o veludo, viscose, seda, ban-lon, tricolina etc.

Durante a semana os homens só lavavam os pés antes de deitar, numa gamela ou num cocho e com sabão caseiro. Nos fins de semana tomavam banho em rios, riachos e, às vezes, no cocho de lavar roupas (vásca) que era feita de madeira ou cimento, de forma rude. Nos riachos construíam tapumes com pedras para represar a água, formando uma piscina com bastante espaço e maior profundidade, nadando e mergulhando soltando-se de um barranco. Costumavam também nos dias de muito calor aproveitar as chuvas fortes de trovoadas (sguassáde) para se lavar, usando inclusive sabão, ficando ao relento para se refrescar. Diziam também que era muito bom tomar uma boa cachaça (snhápa) após molhar-se nessas chuvas. (piôva).

As crianças também tomavam banho nestes riachos sempre acompanhados dos pais, menos as meninas. Também lavavam-nos em cochos ou gamelas, esfregando-as com panos ensaboados ou buchas para tirar a craca (grêp).


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