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Mulher de 111 anos em Rodeio, esbanja vitalidade e revela segredos de uma vida longa

Rodeio, SC - Em uma casa simples na cidade de Rodeio, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, vive uma mulher que testemunhou mais de um século de história.
Arnestina Souza de Lima, carinhosa mente chamada de Tina pela família, completou 111 anos no último dia 17 de setembro, esbanjando uma lucidez e uma alegria de viver que encantam a todos que a conhecem.
Sua trajetória, marcada pelo trabalho na roça, pela simplicidade e por um amor contagiante pela vida, oferece um vislumbre de um Brasil de outros tempos e valiosas lições sobre longevidade.
Nascida em São José do Cerrito, na serra catarinense, em 1914, Dona Arnestina carrega em suas memórias as pro fundas transformações do último século. Analfabeta, trocou os bancos escolares pela dura lida no campo para ajudar no sustento da família.
Com a força dos braços e o auxílio de um arado de boi, enxada e foice, cultivou a terra e viu de perto a fúria da natureza, como as geadas que queimavam plantações inteiras.
A chegada da modernidade foi um espetáculo à parte para os olhos de quem cresceu em uma casinha de madeira com chão batido, aquecida pelo calor do fogão a lenha.
A primeira vez que viu uma televisão, descreveu como “mágica ver gente falando dentro de uma caixa”. Hoje, além de acompanhar com devoção as missas e novenas pela TV, ela se diverte com as travessuras do seriado “Chaves”, que assiste no celular da irmã, sempre com boas gargalhadas.
O segredo para uma vida tão longa, segundo ela, está na “qualidade de vida em meio à natureza, sem a preocupação da cidade urbana, onde tudo é controlado pelo relógio”.
Sua alimentação sempre foi à base de produtos naturais e orgânicos, cultivados em sua própria horta, livre de agrotóxicos.
Atualmente, a saúde de Dona Arnestina é de ferro: toma apenas um remédio para a pressão, caminha, se alimenta e vai ao banheiro sem dificuldades.
Suas únicas fragilidades são a surdez e os esquecimentos naturais da idade.
A vida de Dona Tina não foi apenas de trabalho. Conhecida por ter sido “muito namoradeira”, ela teve dez maridos, todos já falecidos. Dessa união, nasceu seu único filho.
Hoje, sua frase mais marcante, que nunca esquece de dizer a quem a cumprimenta, é um sincero “Deus te abençoe!”.
O Cenário da Longevidade no Brasil A marca de 111 anos alcançada por Dona Arnestina a coloca em um seleto grupo de supercentenários no Brasil.
Embora não haja um ranking oficial e constantemente atualizado, o país tem um número crescente de pessoas que ultra passam a barreira dos 100 anos. De acordo com dados do Censo de 2022, o Brasil possuía mais de 37 mil pessoas com 100 anos ou mais.
O Gerontology Research Group (GRG), uma das principais autoridades no estudo da longevidade, e outras organizações, monitoram os supercentenários
(aqueles com 110 anos ou mais).
Recentemente, o Brasil ganhou destaque internacional com Inah Cana barro Lucas, uma freira gaúcha que foi considerada uma das pessoas mais velhas do mundo. Outros nomes como o de João Marinho Neto, do Ceará, também figuraram em listas de homens mais longevos.
A história de Dona Arnestina Souza de Lima, em Rodeio, se soma a esses exemplos notáveis, ilustrando a riqueza e a diversidade das trajetórias de vida que alcançam idades tão avança das no Brasil, cada qual com suas particularidades, desafios e segredos para a longevidade.
Suas únicas fragilidades são a surdez e os esquecimentos naturais da idade, mas o apetite continua o mesmo.
Apesar do111 anos, Dona Tina esbanja alegria e disposição.

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