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Rodrigo Pivetta e Tainara Mezavilla

PREVENINDO UMA GERAÇÃO SUICIDA

Neste mês de setembro, encontramos em diversos lugares, faixas, cartazes, placas, frases e tantas outras coisas relacionadas à cor amarelo, com um tema fortíssimo, lutando e combatendo contra o suicídio.

Muitas vezes somos pegos de surpresa com a notícia fatídica de que alguém tirou a própria vida. Ficamos surpresos, impactados e de alguma forma tentamos investigar quais foram as possíveis causas que levaram essa pessoa a cometer essa atitude. Porém nada que fizermos, trará a pessoa novamente ao nosso convívio social, nem tão pouco amenizará a perda dos familiares que, traumatizados, procurarão de alguma forma confortar e atenuar a dor da perda, e conviver com o sentimento de ruptura repentina, além de carregar o sentimento de impotência e culpa por não ter feito nada ou sequer ajudado de alguma forma para que isso não tivesse acontecido.

Depois da violência e dos acidentes de carro, o suicídio é a maior causa de mortes entre jovens brasileiros de 15 a 29 anos, de acordo com o Ministério da Saúde. No mundo, é a segunda maior causa de óbitos nessa faixa etária, segundo a Organização Mundial da Saúde. Mas por que pessoas estão dando fim à vida justamente na fase associada a experimentações, descobertas e prazeres? A resposta pode estar associada ao novo estilo de vida da adolescência e da juventude, que vivencia relações pessoais de forma diferenciada das gerações anteriores, a "geração do quarto".

Embora os jovens possam se comunicar com o mundo inteiro através do celular, o isolamento e a solidão têm sido sentimentos comuns dos que buscam ajuda nos consultórios médicos. "Esses jovens vieram para o século 21 tomados pelo sentimento on-line, um sentimento de quem não se desconecta. É um sentimento horizontalizado, que não se aprofunda. Eles têm relações afetivas de forma efêmera, que se modificam conforme o grupo", explica o neuropsicólogo Hugo Monteiro Ferreira, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, criador do termo "geração do quarto". A denominação foi dada a jovens e adolescentes nascidos a partir da década de 1990, que possuem uma relação intensa com a internet e, ao mesmo tempo, têm dificuldade em ter diálogo com a família.

O especialista explica que jovens isolados nos quartos e no mundo virtual tendem a ter uma autoestima fragilizada. Consequentemente, se tornam vítimas ou praticantes de bullying. "É no quarto que esses jovens comem, recebem os amigos, se divertem, se cortam e muitas vezes se matam. A ausência de diálogo em casa os leva à solidão. Eles vivenciam uma busca desenfreada pelo que está fora, tendo o computador como o amigo", diz o professor.

E o que pode ser feito para que o isolamento e a depressão possam ser prevenidos? Sem dúvidas, a família tem um papel indispensável e fundamental neste problema, os pais devem se esforçar para ampliar as conexões com os filhos. É preciso saber ouvir e tentar compreendê-los. Podemos fazer algo simples que é viver a amorosidade. Ouvir uma música com o filho, fazer um passeio, partilhar a refeição à mesa, ir aos eventos da escola e se envolver em atividades diárias, podem trazer ótimos resultados.

Caso sinais de depressão sejam detectados em um jovem, a família deve agir rapidamente e procurar ajuda. Neste momento, é importante deixar de lado os tabus e o que é visto muitas vezes pelos pais como "vagabundagem" é, na verdade, um pedido silencioso de ajuda.


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O professor redator

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